top of page

Síndrome Pós Terapia Intensiva(SPTI)

O que é e quais são as causas?

A SPTI é caracterizada por alterações cognitivas, psicológicas e físicas em função do período de hospitalização do paciente nas unidades de tratamento intensivo (UTI) (NEEDHAM, 2012). Além disso, familiares desses pacientes críticos também têm sua saúde psicológica e física afetados durante a permanência na UTI, persistindo os efeitos após a alta (ROBINSON, 2018).

Quais são os sintomas?

As consequências mais prováveis do paciente sobrevivente de uma doença crítica após cuidados intensivos e após a alta, e que prejudicam a qualidade de vida do paciente e dos familiares, são:

  • Comprometimento cognitivo (função executiva, orientação espaço temporal, memória, atenção);

  • Danos Neuropsicológicos (depressão ansiedade, Transtorno do Estresse Pós Traumático);

  • Comprometimento Físico (Funcionalidade, força e resistência muscular, maior dependência funcional) (ROCHA, 2019).

Síndrome Pós Terapia Intensiva e a Covid-19.

A pandemia do Sars-CoV-2 resultou em um aumento intenso de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e de internações em UTI de todo o mundo. Cerca de 80% dos pacientes que sobreviveram à insuficiência respiratória aguda, após serem submetidos à ventilação mecânica, enfrentam sintomas cognitivos, neuropsicológicos e/ou físicos a longo prazo relacionados ao tempo de internação, que caracterizam a SPTI. Este quadro demonstra a importância da colaboração de esforços nos cuidados intensivos com o objetivo de otimizar a recuperação e reabilitação adequada desses indivíduos (HOSEY, 2020).

Quais são os tratamentos?

Algumas instituições de saúde contam com clínicas específicas para esses tratamentos e possuem uma equipe multidisciplinar geralmente composta por médicos intensivistas, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos e enfermeiros.

  • Os procedimentos de reabilitação são voltados para as três principais áreas afetadas pelas SPTI : física, cognitiva e psicológica. Na reabilitação física são feitos exercícios preparados para cada paciente e geralmente tem a duração de 6 a 12 semanas, podendo ser incluídos à reabilitação cognitiva. As avaliações cognitivas devem ser feitas de forma contínua 3 a 6 meses após a alta. O trabalho psicológico não segue um padrão ,sendo individualizada para cada quadro clínico.

Especificamente no contexto da Covid-19, reconhecendo as dificuldades impostas tanto de recursos humanos quanto materiais e visto que muitas instituições de saúde não dispõem de centros específicos para esse serviço,se propõe que a reabilitação seja feita por meio de teleconsultas virtuais (Colbenson, 2019).

Referências

  1. COLBENSON, Gretchen A et al. “Post-intensive care syndrome: impact, prevention, and management.” Breathe (Sheffield, England) vol. 15,2 (2019): 98-101. doi:10.1183/20734735.0013-2019. Acesso em: 3 nov 2020.

  2. HOSEY, Megan M.; NEEDHAM, Dale M. Survivorship after COVID-19 ICU stay. Nature Reviews Disease Primers, v. 6, n. 1, p. 1-2, 2020. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7362322/pdf/41572_2020_Article_201.pdf. Acesso em: 9 out. 2020.

  3. JAFFRI, Abbis; JAFFRI Ube Abbiyha . “Post-Intensive care syndrome and COVID-19: crisis after a crisis?.” Heart & lung : the journal of critical care, S0147-9563(20)30266-1. 18 Jun. 2020, doi:10.1016/j.hrtlng.2020.06.006. Acesso em : 3 nov 2020.

  4. NEEDHAM, Dale M. et al. Improving long-term outcomes after discharge from intensive care unit: report from a stakeholders' conference. Critical care medicine, v. 40, n. 2, p. 502-509, 2012. Disponível em: <https://journals.lww.com/ccmjournal/Fulltext/2012/02000/Improving_long_term_outcomes_after_discharge_from.20.aspx>. Acesso em: 16 out. 2020. doi: 10.1097/CCM.0b013e318232da75

  5. ROBINSON, Caroline Cabral et al. Qualidade de vida pós-unidades de terapia intensiva: protocolo de estudo de coorte multicêntrico para avaliação de desfechos em longo prazo em sobreviventes de internação em unidades de terapia intensiva brasileiras. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, v. 30, n. 4, p. 405-413, 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-507X2018000400405. Acesso em: 09 out. 2020.

  6. ROCHA, Franciani Rodrigues da. Frequência e fatores associados à mortalidade e déficit cognitivo, sintomas de depressão e ansiedade em sobreviventes de unidade de terapia intensiva: um estudo de coorte prospectivo. 2019. Disponível em: http://repositorio.unesc.net/handle/1/7316. Acesso em: 09 out. 2020.

Por:  Bruna Fernandes Barbosa e Raíssa Fernanda Paixão Lopes da Silva ¹

Atualizado em: 03/11/2020 

 

¹Bacharelandas do curso de medicina da Universidade Federal de Minas Gerais.

bottom of page